Crimes, de Ferdinand Von Schirach (TRADUÇÃO DE ROBERTO RODRIGUES; RECORD; 176 PÁGINAS; 29,90 REAIS)
As onze histórias criminais desta coletânea (um fenômeno na Alemanha, com mais de 400.000 exemplares vendidos) adotam técnicas típicas da ficção moderna: o advogado que as narra tem um acesso quase que sobrenatural aos pensamentos mais íntimos dos personagens (em particular, os dos assassinos). Os relatos, porém, dão uma atenção às circunstâncias comezinhas que é menos própria da literatura que dos autos de um processo (descreve-se, por exemplo, a qualidade do machado que um médico aposentado usou para esquartejar a mulher depois de décadas de um casamento infernal). A profissão do escritor alemão facilita esse passeio por zonas indecisas entre a ficção e a realidade. Advogado criminalista, Ferdinand Von Schirach já atuou em casos polêmicos. Pela violência dos crimes e pela frieza com que são contatos, suas histórias lembrarão o leitor brasileiro do Rubem Fonseca de Feliz Ano Novo. Tal como os contos de Fonseca, os relatos de Schirach exploram as reservas inesgotáveis de monstruosidade do ser humano.
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