quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Entrevista com José Rodrigues dos Santos

Nascido em Moçambique, em 1964, o autor português José Rodrigues dos Santos é, além de escritor, professor da Universidade Nova de Lisboa e jornalista. O autor publicou já alguns ensaios antes de estrear na ficção. Seu primeiro thriller, no entanto, intitulado O Códex 632, foi publicado em 2005 na Europa, (No Brasil, foi lançado em 2006, pela Record), atingindo imediato sucesso e consagrando seu protagonista, o professor de História Tomás Noronha, como uma espécie de Robert Langdon português. O personagem está presente em outras obras do autor, como O Sétimo Selo e A Fórmula de Deus (todos publicados no Brasil também pela Editora Record).

POR QUE A OPÇÃO POR ESCREVER THRILLERS?

JRS:Gosto da ação e da emoção inerente à leitura e à escrita de thrillers. No entanto, procuro fazer com que a minha obra seja um pouco diferente dos habituais romances desse tipo. Os thrillers são, em geral, entretenimento puro. Mas eu tento que os meus, para além da tensão, tragam uma parte de conhecimento que seja muito forte. Por exemplo: em O Sétimo Selo procuro mostrar, por meio de uma história de ação, mostrar o que se passa com as alterações climáticas e alertar para o fim do petróleo e suas consequências.

COMO SE DEU O COMEÇO DE SUA CARREIRA LITERÁRIA?

JRS: Aconteceu por acidente! Um amigo meu escritor, a quem eu devia um favor, me pediu que escrevesse um conto para a sua revista literária. Sem ter como recusar o pedido, lá fui eu redigir o texto. Quando dei por mim o conto já possuía 200 páginas! Foi o meu primeiro romance. O bichinho da escrita ficou e, dentro de pouco, já estava escrevendo meu segundo romance.

O THRILLER NÃO POSSUI TRADIÇÃO NA LITERATURA DE LÍNGUA PORTUGUESA E SÓ RECENTEMENTE ESCRITORES PORTUGUESES E BRASILEIROS PASSARAM A SE DEDICAR AO GÊNERO. PARA VOCÊ, O THRILLER TEM CHANCES DE SE FIRMAR NA LITERATURA EM PORTUGUÊS OU ESTÁ CONDENADO A SER ETERNAMENTE VISTO COMO UMA IMITAÇÃO DA LITERATURA ANGLO-SAXÃ, ONDE ELE É MAIS FORTE?

JRS: Acho que o thriller pode perfeitamente se firmar como gênero lusófono se os escritores de nossa língua entenderem bem como e qual é o seu público. Além disso, devem saber contornar os obstáculos culturais que naturalmente se levantam.

QUE ELEMENTOS DIFERENCIAM UM TRHILLER AMERICANO DE UM PORTUGUÊS, POR EXEMPLO?

JRS: Não sei se podemos falar do thriller português ou brasileiro como sub-gênero. No meu caso eu levo muito em conta a questão do conhecimento agregado aos meus livros. Já falei a respeito de O Sétimo Selo, então falarei de um outro livro meu, A Fórmula de Deus. Por meio de uma história de espionagem que envolve a CIA e a VEVAK (o Serviço Secreto do Irã), o livro envolve religião e ciência e discorre sobre questões essenciais como a possibilidade de se provar cientificamente a existência de Deus, explorando assim também o sentido da nossa existência.

QUAL SUA OPINIÃO A RESPEITO DA IDEIA DE QUE O THRILLER SERIA UM GÊNERO VISTO COMO "MENOR"?

JRS: Ele se tornará um gênero menor quando se tornar previsível e não tiverem qualidade. Cabe aos autores lhe emprestarem essa qualidade. Mas também é verdade que a maioria das catalogações tendem a ser preconceituosas. Acho que não devemos dar-lhe demasiada importância.

Entrevista adaptada extraída do blog Textos & Thrillers, publicada em 15/06/2009.
Leia na íntegra: http:// www.textosethrillers.blogspot.com

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